terça-feira, 1 de março de 2011

A questão da violência em Búzios 1

No jornal Folha dos Lagos de hoje (dia 1/3/2011) o prefeito Mirinho Braga afirma que Búzios não é uma cidade violenta como foi retratada na matéria publicada no último sábado pelo jornal O Globo. Para ele, nosso município é um território de "paz e tranquilidade". Existiriam dois culpados  pela posição do município no ranking da violência: a oposição ao seu governo e ocorrências de Cabo Frio feitas em Búzios. A  oposição teria "encomendado" a publicação do jornal. Os registros de ocorrências policiais de Cabo Frio (Tamoios e Maria Joaquina) teriam sido feitos em Búzios devido à proximidade da delegacia (127ª DP). O  vereador Lorram, governista, segue a mesma linha de raciocínio do prefeito vendo "motivações políticas" na matéria. Até o presidente da câmara, Joãozinho Carrilho, considerado um vereador de oposição, diz que houve exagero, pois não acha que Búzios seja "uma cidade violenta, conforme descrito na pesquisa".

Nosso prefeito se engana porque está muito mal informado. A pesquisa em nenhum momento fala em registro policial.  Até porque os dados coletados a partir dos registros policiais não são confiáveis. Há muita subnotificação. "Todos os dados são oriundos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), sistema este gerido pelo Departamento de Análise de Situação de Saúde, da Secretaria de Vigilância em Saúde, em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. As Secretarias de Saúde coletam as Declarações de Óbitos dos cartórios e entram, no SIM, as informações nelas contidas. Uma das informações primordiais é a causa básica de óbito, a qual é codificada a partir do declarado pelo médico atestante, segundo regras estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde” (Ministério da Saúde).

O prefeito Mirinho Braga também coloca o levantamento em dúvida porque a pesquisa se refere ao ano de 2008, três anos atrás. Se fosse simplesmente percorrer delegacias recolhendo dados, realmente a pesquisa seria rápida. Ocorre que o trabalho consiste em coletar dados de cartórios. Isso é feito pelas secretarias de saúde, tanto estaduais quanto municipais. São mais de 5.600 municípios. É justamente por isso que a pesquisa é demorada. Não se consegue em um determinado ano compilar os dados do ano anterior. Precisa-se de uma margem de dois a três anos para se obter um resultado confiável. Os dados são checados depois.

Nosso prefeito diz que não vai levar a pesquisa "em consideração". Com isso  seu governo fica imobilizado diante da questão. Como continuaremos sem uma política pública de segurança para enfrentar o problema da violência em nosso município, a tendência é que ela aumente. Morrerão muito mais jovens, pois a maioria dos "óbitos por causas externas" é de jovens na faixa de 20 a 29 anos. Em 2006, morreram 6, de um total de 23 mortes. Em 2007, 8, também em 23. E, em 2008, mais 8. Do total de mortes, 16 foram por "disparo de arma de fogo de mão", em 2006. Vinte (20), em 2007, e 16, em 2008. Dez (10) morreram em "via pública" e 7 no "domicílio", em 2006 e em 2007. Essa é a realidade prefeito. O prejuízo para o turismo será muito maior no futuro do que o que se acredita que tenha sido causado agora pela divulgação da pesquisa.  

Parece que nosso prefeito, além de mal informado, também está ficando paranóico. Tudo o que acontece de ruim na cidade é por culpa da oposição. Dessa forma, fantasiando a realidade, corre o risco de ser atropelado por ela.  

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